O fotógrafo de Parnaíba que transformou o cotidiano em viagem

 


 O fotógrafo Helder Fontenele carrega nas mãos duas companheiras de longa data. A Nikon, adquirida há treze anos, já veio de segunda vida, assim como a Canon, que há seis anos também partilha com ele a mesma sina do recomeço. Nas lentes dessas máquinas repousa um olhar paciente, que não busca a grande cena espetacular, mas a grandeza escondida no ordinário.

Ponte sob o rio Igaraçu/ Porto das Barcas. Oi


Helder não sonhava, na infância, em ser fotógrafo. O que desejava era viajar. E, de certo modo, realizou o sonho. As viagens o levaram não apenas a outros lugares, mas a novas maneiras de enxergar os lugares de sempre. Parnaíba, sua cidade, tornou-se território de descoberta cotidiana, onde cada esquina, cada personagem, guarda uma narrativa que se abre somente a quem sabe esperar.


Pela Nikon ou pela Canon, Helder reencontra histórias nos gestos simples: o leiteiro que, imóvel, encara a manhã na expectativa da primeira venda, a senhora que insiste em pedalar sob o sol abrasador, desafiando o calor e o tempo. 

A senhora caminhando com o pano na cabeça e sacola na mão.

São retratos que não apenas registram a cena, mas devolvem dignidade ao instante, iluminando o que passa despercebido ao olhar apressado.

Barbeiro voluntário cortando cabelos de pessoas em situação de vulnerabilidade na Praça da Graça em Parnaíba.


Seu trabalho é, antes de tudo, um exercício de atenção. Ao fotografar, Helder se move como quem escreve silenciosamente, substituindo palavras por imagens. Assim, revela que a fotografia não é um ato de congelar o tempo, mas de libertá-lo. Na vida comum, encontra o extraordinário. E, ao devolvê-lo em forma de imagem, faz com que cada um de nós também veja melhor.


Helder Fontenele não fotografa para que se lembrem dele, mas para que o mundo ao redor não seja esquecido. E, nesse gesto, transforma a rotina em memória, o instante em permanência.

Entardecer na Lagoa da Prata



Em cada clique, Helder constrói um arquivo afetivo da cidade. Seu ofício vai além do registro técnico, é uma forma de devolver humanidade ao que o tempo insiste em tornar banal. A fotografia, para ele, não é apenas profissão ou passatempo, é a chance de habitar o mundo com mais cuidado, de enxergar pessoas e lugares para além da pressa que costuma nos roubar os detalhes.

Carnaubal 


Helder Fontenele segue assim, entre a Nikon e a Canon, mas sobretudo entre a sensibilidade e o rigor. Suas imagens não buscam ser espetáculo, buscam ser verdade. E talvez seja essa a maior lição de um fotógrafo: lembrar que o instante mais simples, quando olhado com atenção, pode ser eterno.

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