Café com o povo: reaproximação ou estratégia política?
Café com o povo: gesto de aproximação ou movimento estratégico?
Às terças-feiras, a casa do prefeito de Parnaíba se transforma em ponto de encontro popular. Com portas abertas, ele oferece um café da manhã para moradores da cidade — gesto que remete diretamente aos tempos de Mão Santa, seu pai e ex-prefeito, que também gostava de cultivar essa proximidade simbólica com o povo.
A iniciativa tem apelo popular. Em uma cidade marcada por desigualdades e desconfianças em relação à política, ver o prefeito acolher cidadãos comuns para uma conversa, um café e possivelmente pedidos ou desabafos, soa como um respiro de democracia direta. É uma forma de se mostrar acessível, humano, e atento às demandas da base.
Mas o momento não é neutro. Em meio ao acirramento político local, com embates públicos entre o prefeito e a deputada estadual Gracinha Mão Santa — sua tia —, o gesto também pode ser lido como movimento estratégico. Em tempos de disputa por narrativa e apoio popular, todo gesto público carrega uma dose de cálculo político.
O café pode ser sincero. Pode ser gesto de escuta. Mas também pode ser palco. No xadrez político de Parnaíba, cada movimento vale mais do que aparenta. Cabe ao povo saborear o café, mas também digerir o contexto.
