Junho passou, e Parnaíba silenciou sobre a saúde mental dos homens

 

Junho é tradicionalmente o mês dedicado à conscientização da saúde mental masculina — em diversos países, estimula abordagens sobre ansiedade, depressão, suicídio e o peso de papéis de gênero. Mas, em Parnaíba, pouco (ou nada) se ouviu. É como se estivéssemos assistindo a um evento natural sem nunca ter sido convidados para conversar.

Um cenário alarmante

Os dados mais recentes revelam um quadro preocupante para o Piauí:

Em 2024, o estado registrou 388 suicídios, uma alta de 16,2% em relação a 2023 .

A taxa foi de 11,49 suicídios por 100 mil habitantes, a 3ª maior do país, atrás apenas do RS e SC .

Entre os homens, os casos cresceram de 271 para 302 (+11,4%) .

Dados anteriores apontam uma média de 12 mortes por 100 mil habitantes, índice que igualmente se concentra mais no público masculino .


Em Parnaíba, cidade com cerca de 169 mil habitantes , esses números se traduzem em pessoas: trabalhadores, estudantes, pais, amigos — e cada caso carrega histórias geralmente silenciadas.


Junho silencioso, um peso: por que o tabu persiste?


A Marcha pela saúde mental masculina busca quebrar barreiras: o machismo estrutural, o medo de parecer vulnerável e a cultura que ensina “homem não chora”. Mas em setembro, no famoso “Setembro Amarelo”, a atenção se volta ao suicídio no geral. Junho, usado em algumas regiões para conscientizar homens especificamente, passou quase despercebido.

Em tempo.

O Piauí conta hoje com uma rede de saúde mental: Centros de Atenção Psicossocial, leitos especializados nas onze macrorregiões e equipes multiprofissionais . Em julho de 2024, foi criado um painel de monitoramento de suicídios e lesões autoprovocadas, conectando municípios para a prevenção .

Mas isso não basta se não refletir na realidade de Parnaíba: acessibilidade, visibilidade, campanhas específicas, formação de agentes comunitários para detectar sinais em homens.

O papel da imprensa e da comunidade

O Piauí já ocupa posições vergonhosas nas estatísticas nacionais. Rendimento? Educação? Tudo bem — mas saúde mental não pode seguir invisível. É preciso cobertura sensível, sem sensacionalismo, que informe sobre sintomas — isolamento, mudanças drásticas, desesperança — e ao mesmo tempo indique quem pode ajudar: CAPS, UBS, CVV (188).

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