Em meio ao piseiro e sertanejo ruim, o rock resiste em Parnaíba

 

Imagem Nasc Pub

Num cenário musical cada vez mais dominado por piseiros de qualidade duvidosa ou nula, batidões reciclados e letras que se resumem a bordões vazios e virais, o rock em Parnaíba não morreu. Mas também não vive como antes. Ele resiste — por teimosia, por paixão e, talvez, por necessidade.


Esses resistentes se reúnem onde podem: em estúdios improvisados, garagens abafadas, praças abandonadas ou bares esquecidos pela grande mídia como o conhecido Nasc Pub que fez O Grito Rock Parnaíba de 2025, que rolou nesse fim de semana (12 e 13 de julho) no Pub conhecido pela cena alternativa, como parte da 4ª edição em celebração ao Dia do Rock. Muitos sequer esperam reconhecimento. Tocam porque precisam, porque sentem e amam o rock. Compõem porque não se veem representados nas letras rasas das playlists mais tocadas. Organizam eventos por conta própria porque sabem que esperar apoio institucional é o mesmo que esperar Godot.


Há algo de heroico — ou talvez de utópico — em querer manter viva uma cena alternativa numa cidade onde o consumo cultural foi reduzido a entretenimento de fim de semana. O rock em Parnaíba nunca foi indústria. Sempre foi movimento. E como todo movimento contracultural, precisa lutar contra a apatia.


Basta andar pelas ruas da cidade para perceber que os acordes distorcidos e as letras de contestação não fazem mais parte da trilha sonora popular. O que se ouve, das caixas de som ambulantes aos palcos de festas financiadas por prefeituras, são ritmos que priorizam a fórmula fácil: repetição, refrão chiclete e estética descartável. Sertanejo universitário de baixa qualidade, piseiro acelerado e vazio, forró-coreografado… A indústria cultural venceu? Em partes, sim. Mas o rock não se rendeu tão fácil.


Nos porões criativos, nas garagens abafadas e nas poucas casas de show que ainda apostam na diversidade, o rock segue pulsando em Parnaíba. São bandas autorais que compõem sem a pretensão de estourar no TikTok. São músicos que tocam por convicção, mesmo que o cachê seja baixo ou inexistente. São coletivos que organizam festivais independentes, como o Grito Rock e afins, mesmo sem apoio institucional ou patrocínio decente.


O problema não é o forró, nem o sertanejo. A cultura nordestina é vasta e bela, e cada gênero tem sua importância. O problema está na pasteurização da cena, na lógica do “mais do mesmo”, onde o gosto musical é moldado a partir do que rende clique, não do que emociona.

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