A Lagoa do Bebedouro não é escolha de Parnaíba, é herança que a natureza lhe impôs
A Lagoa do Bebedouro, no coração do bairro São Vicente de Paula, em Parnaíba, não é apenas uma paisagem bonita. Para quem mora ali, ela é quase um espelho da própria comunidade, guardando histórias, memórias e lendas que atravessam gerações.
Os mais antigos contam que a lagoa nasceu como um presente da natureza, um ponto de encontro de águas subterrâneas que brotaram do chão e formaram o grande reservatório. Há quem diga que, em noites de lua cheia, sua superfície reflete não só o céu, mas também as lembranças de quem já passou por suas margens. Nesse imaginário popular, a Lagoa do Bebedouro deixa de ser um simples acidente geográfico e se transforma em um espaço sagrado.
Durante muito tempo, foi dela que as famílias tiraram água, lazer e até fé. Crianças aprenderam a nadar ali, pescadores encontraram sustento, festas populares encheram suas margens de vida. Cada geração deixou sua marca na lagoa, e assim ela foi se tornando mais que um lugar, um símbolo de identidade.
Com o avanço da cidade, vieram também os problemas. O lixo, o assoreamento, a falta de cuidado público ameaçam a lagoa. Mas a comunidade resiste. Projetos de educação patrimonial, ações coletivas e a própria memória dos moradores tentam resgatar o valor da Lagoa do Bebedouro, que nunca foi apenas um espaço de lazer, mas parte da história viva de Parnaíba.
Defender a lagoa, para muitos, é defender as próprias raízes. É garantir que as novas gerações ainda possam ouvir as histórias que os mais velhos contam à sua beira e perceber que, assim como a água que brota, a identidade também precisa ser cuidada para não secar.
A Lagoa do Bebedouro, afinal, não é só um ponto no mapa. É um território de lembranças, um lugar onde natureza e cultura se encontram, e onde a luta pela preservação se mistura ao desejo de não deixar morrer a alma de uma comunidade.

