Ghetto Arte e Cultura transforma bairro São José em epicentro cultural do litoral piauiense

 

Grupo Ghetto| Bairro São José 

No coração do bairro São José, uma das áreas mais tradicionais e socialmente vulneráveis de Parnaíba, pulsa um movimento que prova que a arte pode ser tanto refúgio quanto revolução. O Ghetto Arte e Cultura nasceu em janeiro de 2022, quando os artistas Francisco Felipe e Xan Andrade, após o encerramento das atividades do Coletivo NUA (Núcleo Universitário de Artes), decidiram abrir as portas de sua própria casa para um sonho coletivo: transformar a comunidade pela força da criação artística.

A ideia era simples, mas ousada: criar um espaço onde a arte não fosse um luxo distante, mas parte do dia a dia de quem vive às margens dos grandes centros culturais. Com pinturas, música, teatro, dança, fotografia, cinema e oficinas, o Ghetto rapidamente se tornou um ponto de encontro para artistas e moradores, quebrando barreiras entre palco e plateia, criador e espectador.

Ateliê do Barro, com apoio audiovisual do Ghetto 

Em agosto de 2022, a formalização do projeto com CNPJ abriu novas portas. Parcerias com o Sesc, acesso a editais e leis de incentivo como a Lei Paulo Gustavo e a Política Nacional Aldir Blanc permitiram que o coletivo ampliasse suas ações e profissionalizasse sua atuação. Desde então, o Ghetto já realizou e participa de projetos como Cine Tucuns, Arterapia na Mente, Bebeteca Sesc, O Samba na Casa do Vizinho, Andando pela Feira e o documentário Tucuns – O Primeiro Ghetto de Parnaíba.

Tucuns, o primeiro gueto de Parnaíba. Filme produzido pelo Espaço Ghetto.

Mais do que eventos, o Ghetto construiu uma rotina cultural que movimenta a cidade: de quartas a sábados, há oficinas, exibições de filmes, ensaios abertos, feiras culturais, festas, contação de histórias e até um estúdio de tatuagem que mistura arte visual e renda para artistas locais. Aos sábados, o espaço abre para a comunidade inteira, criando um ambiente plural onde crianças, jovens, adultos e idosos compartilham experiências e aprendizados.

Misturada Cultural | encerramento dos trabalhos em 2024.

O impacto do Ghetto vai além das paredes da casa na Coronel Pacífico. Oficinas e intervenções artísticas já alcançaram outros bairros de Parnaíba e municípios vizinhos como Luís Correia. A proposta é clara: democratizar o acesso à arte, gerar renda, resgatar memórias e fortalecer a identidade cultural local.

Em pouco mais de três anos, o Ghetto Arte e Cultura deixou de ser apenas um endereço no bairro São José para se tornar um símbolo de resistência e criatividade no litoral piauiense. Um lembrete de que, quando a arte encontra um povo disposto a se ver e se reinventar, nenhum gueto é pequeno demais para transformar o mundo ao seu redor.