'O Piauí não aceita mais ser vítima', garante o governador
O governador que decretou o fim do coitadismo e anunciou a era do sucesso no Piauí?
O governador do Piauí resolveu decretar o fim do “coitadismo” no estado, afirmando com segurança: “O tempo do coitadismo acabou no Piauí, temos exemplos de sucesso.” A frase soou como um manifesto, quase uma proclamação de independência emocional, com a bandeira tremulando e o orgulho regional sendo convocado para a cena.
Há, sem dúvida, um charme nesse patriotismo estadual. É bonito ver um líder conclamando seu povo a abandonar a posição de vítima e assumir o papel de protagonista. Quem não gostaria de ver o Piauí ser lembrado não apenas pelo potencial, mas pelos feitos reais, por estradas que funcionam, por escolas que formam, por economia que respira? A fala do governador veste o estado com uma armadura simbólica e nos convida a acreditar no amanhã.
Mas a ironia se insinua. Ao abolir o coitadismo, o governador nos apresenta um cardápio de “exemplos de sucesso” ainda envolto em certa névoa. São obras concluídas ou apenas promessas que desfilam em palanque? É fácil decretar o fim do vitimismo, mas é mais difícil transformar a frase em rotina concreta, no ônibus que passa no horário, no hospital que atende com dignidade, na água que jorra da torneira sem falhar.
O discurso é, ao mesmo tempo, motivador e aspiracional. É poesia que pede tradução para o chão da realidade. O Piauí merece, de fato, encerrar de vez qualquer ideia de inferioridade, mas precisa que esse novo tempo se mostre nos detalhes palpáveis da vida cotidiana.
No fim, há mérito na ousadia. É importante que um líder convoque seu povo a acreditar no próprio valor e a mirar alto. O que se espera é que o eco da frase não se perca apenas na sonoridade bonita, mas encontre sustentação em resultados concretos. “Chega do coitadinho, esperando que a mudança vai vir de fora para dentro. Nós temos inúmeros exemplos de prosperidade e de boa gestão aqui no Piauí”, disse
Se o tempo do coitadismo acabou, que comece então, de verdade, o tempo do orgulho vivido, sentido e celebrado.
