Parnaíba se aproxima cada vez mais de Luís Correia, mas se distancia Pedra do Sal

 

Parnaíba entre dois blocos: o crescimento em direção a Luís Correia e o abandono da Pedra do Sal

Parnaíba, uma das principais cidades do litoral piauiense, vive um paradoxo geográfico e urbano. De um lado, a cidade cresce e se funde cada vez mais com Luís Correia, criando uma espécie de conurbação que dissolve, na prática, os limites entre os dois municípios. Do outro, a histórica região da Pedra do Sal, que pertence a Parnaíba, vai se tornando cada vez mais isolada da cidade que a abriga.

Esse fenômeno de expansão urbana se dá principalmente ao longo da BR-343, via que liga Parnaíba a Luís Correia. Essa estrada não apenas facilita o tráfego e o escoamento comercial, como também tem impulsionado a formação de um verdadeiro corredor metropolitano. Bairros como João XXIII, Rodoviária, Ceará e Planalto se conectam quase sem transição à entrada de Luís Correia, tornando difícil dizer onde uma cidade termina e a outra começa. Com loteamentos, comércios e novos empreendimentos imobiliários surgindo a cada ano, essa porção da cidade passou a representar o vetor de crescimento mais dinâmico de Parnaíba.

Em contraste gritante, a região da Pedra do Sal, famosa por sua beleza natural e importância histórica, parece cada vez mais distante, não apenas geograficamente, mas também no que diz respeito à integração urbana, social e econômica. A estrada de acesso continua precária, a iluminação pública é deficiente, e os serviços básicos chegam com dificuldade. As comunidades próximas, como Labino, Ilha Grande de Santa Isabel e Vila da Pedra do Sal, sentem-se esquecidas, como se fossem margens de um município que se desloca para o lado oposto.

Esse distanciamento não é recente. Trata-se de um reflexo de décadas de abandono do poder público, que negligenciou o potencial turístico, cultural e comunitário dessa área. Enquanto a expansão em direção a Luís Correia conta com investimentos e atenção, a Pedra do Sal e seus arredores continuam lutando para manter a dignidade básica de seus moradores.

Parnaíba, portanto, parece estar se transformando numa cidade de dois blocos, um que avança e se projeta com força metropolitana, e outro que regride em isolamento, apesar de estar enraizado na própria identidade da cidade. A integração urbana equilibrada exige não apenas pavimentação de estradas e crescimento horizontal, mas também políticas públicas voltadas para a valorização dos territórios já existentes, especialmente aqueles como a Pedra do Sal, que carregam consigo tanto a memória quanto o futuro potencial de Parnaíba.