Porto das Barcas: Entre o turismo dos dias atuais, correntes, códigos e sombras

 

Foto: Tavinnie

As Lendas que Povoam o Porto das Barcas
Nem todas as memórias morrem. Algumas se escondem entre pedras antigas, marés salgadas e muros silenciosos.
No Porto das Barcas, em Parnaíba, as lendas não são apenas folclore, são ecos de um passado que ainda pulsa.

Um passado que não se enterrou

Por ali, por entre galpões de pedra e cais de embarque, milhares de pessoas negras passaram. Não como visitantes, mas como mercadoria.
Homens, mulheres e crianças arrancados de suas raízes, arrastados por correntes, embarcados em silêncio, muitos nunca mais voltaram.

Moradores antigos contam que túneis secretos ligavam os armazéns do porto à igreja matriz e a casarões coloniais.


Acredita-se que eram usados para esconder escravizados fugidos ou transportar aqueles que seriam vendidos de forma clandestina.
Até hoje, ninguém sabe exatamente onde estão esses túneis. Mas há portas muradas e becos que parecem ter sido fechados à força, como se algo ali devesse ser esquecido.

Seguranças e vigias relatam, com frequência, sons de passos arrastados, correntes batendo e orações em línguas desconhecidas, vindas de galpões vazios.
Alguns evitam trabalhar sozinhos à noite. Dizem que o Porto, depois que o sol se põe, ganha outra respiração.

De dia, o Porto das Barcas é cor.
É riso, é música, é visita guiada.
É loja de artesanato, comida regional, museu cheio de placas informativas.
É o ponto mais fotografado de Parnaíba.

Mas à noite, o lugar muda de voz.
Quando o silêncio cai e a brisa do rio sopra por entre os arcos de pedra, o Porto das Barcas se transforma.
É como se as paredes respirassem.
Como se as pedras lembrassem.

Popular Posts

Advogado e presidente do Ferroviário Esporte clube de Parnaíba é condenado a 4 anos de prisão

O fotógrafo de Parnaíba que transformou o cotidiano em viagem

Lixão de Parnaíba: onde o silêncio da prefeitura fede mais que o próprio lixo