A nova polêmica do prefeito: licitação milionária para próteses dentárias
Depois de contratos controversos que envolveram desde itens triviais como doces, salgadinhos e folhas de xerox, até aquisições de grande porte como caminhonetes Hilux e litros de leite, a gestão municipal de Parnaíba volta a ocupar o centro das atenções. O prefeito, que, em entrevista recente à Costa Norte, chegou a se autoproclamar “especialista em licitações”, agora é protagonista de um episódio ainda mais delicado.
A nova polêmica gira em torno de uma licitação de quase R$ 7 milhões para próteses dentárias. O que à primeira vista poderia parecer uma ação nobre em prol da saúde pública, revela-se um enigma administrativo: o edital não especifica quantidade de próteses a serem adquiridas, tampouco número de beneficiários.
Fazendo uma conta simples, tomando como base o preço médio de R$ 1.500,00 por unidade, seria possível adquirir aproximadamente 4.540 próteses dentárias. Mas como justificar a abertura de um processo milionário sem metas quantitativas claras? A resposta, ao que tudo indica, não está na preocupação com os dentes da população, mas sim nas engrenagens de uma gestão que parece cultivar a opacidade como método.
O caso lança luz sobre um problema estrutural: a transformação de licitações em instrumentos de poder, favorecimentos obscuros ou simples descompromisso com o erário. Não se trata apenas de um número mal explicado, mas de um sintoma recorrente de uma prefeitura que deveria zelar pelo mínimo de transparência e rigor administrativo.
Em tempos de vigilância cidadã cada vez mais necessária, episódios como esse escancaram a urgência de fiscalização independente e efetiva. O dinheiro público, afinal, não é invisível, nem ilimitado, e cada cifra mal justificada representa uma oportunidade perdida para quem realmente depende do serviço público.
