As "desinfluenciadoras" na mira da polícia em Parnaíba
O caso das influenciadoras de Parnaíba que movimentaram milhões com o famoso Jogo do Tigrinho é um retrato perfeito do tempo em que vivemos. O Brasil virou a Disneylândia do dinheiro fácil e da promessa digital. Ninguém mais quer trabalhar muito, a moda agora é ganhar rápido, postar print de saldo e convencer os seguidores de que a fórmula da fortuna cabe em um link. O problema é que a realidade não vem com filtro nem com música de fundo para story.
A Operação Laverna foi deflagrada em Parnaíba, litoral do estado do Piauí.
A ação ocorreu na manhã de quinta-feira, 11 de setembro de 2025.
O horário divulgado foi às 07:08, com atualização às 07:10
Essas figuras que deveriam influenciar viraram, na prática, desinfluenciadoras. O nome soa até mais justo: em vez de inspirar, conduzem as pessoas para a ilusão de que sorte e marketing são sinônimos de prosperidade. Não estão inaugurando nada, apenas repetindo um roteiro antigo com roupagem de aplicativo. O cassino que antes ficava escondido atrás de portas vermelhas hoje cabe na palma da mão.
Há também uma plateia ávida por acreditar em milagres. O público que segue essas contas não busca conteúdo, busca redenção financeira. Poucos param para perguntar se aquilo é legal, sustentável ou minimamente verdadeiro. E é nesse vazio crítico que floresce a influência de fachada.
O mais curioso é que as investigações mostram que o jogo girava milhões. Dinheiro existe, sim. A questão é para onde ele flui. Quem ganha exibe, quem perde some. E a lógica das redes sociais ajuda a manter o truque: só aparece o sorriso, nunca o boleto atrasado.
No fim das contas, a história diz menos sobre as pessoas investigadas e mais sobre uma engrenagem maior. A sociedade da pressa, da fama instantânea e da ilusão vendida em 15 segundos. O que sobra é a sensação de que, no palco digital, o aplauso fácil continua sendo mais forte que a responsabilidade.
