Deputado do PT Piauí está arrependido

 


Merlong Solano pediu desculpas. Disse que votou a favor da chamada PEC da Blindagem por estratégia, para não atrapalhar o diálogo do PT com a presidência da Câmara e garantir outras pautas de interesse popular. Até aí, tudo dentro do manual da política brasileira: sacrifica-se um princípio em nome de uma “causa maior”, e quando a repercussão explode, distribuem-se pedidos de perdão como quem joga panfletos ao vento.


A ironia é que o parlamentar reconhece ter cometido um “grave equívoco” justamente ao ceder no ponto que deveria ser inegociável: a transparência. Votar por conveniência em algo que ressuscita o voto secreto é como tentar salvar a democracia abrindo mão dela. Uma contradição tão óbvia que nem o eleitor mais distraído engole.


O mea-culpa, portanto, soa mais como gestão de crise do que como gesto de integridade. A desculpa chega depois da pressão, depois da reação popular, depois da percepção de que o preço do erro seria alto demais. Ou seja, não se trata de consciência política, mas de cálculo político, o mesmo que justificou o voto em primeiro lugar.


No fim, Merlong encarna o dilema clássico: querer ser pragmático sem parecer incoerente. O problema é que, na política, quando se pede desculpas por “estratégia”, admite-se que a convicção foi a primeira vítima.


Popular Posts

Advogado e presidente do Ferroviário Esporte clube de Parnaíba é condenado a 4 anos de prisão

O fotógrafo de Parnaíba que transformou o cotidiano em viagem

Lixão de Parnaíba: onde o silêncio da prefeitura fede mais que o próprio lixo