Escala 6x1 que Parnaíba aprendeu a NÃO questionar
É curioso, e sociologicamente revelador, que em Parnaíba, cidade de juventude ativa e mercado de trabalho em expansão, o tema da jornada 6x1 (seis dias de trabalho para um de descanso) quase nunca apareça nas conversas públicas. Enquanto em outras regiões do país essa escala é pauta de debates, críticas e reivindicações, aqui ela se naturaliza, tornando-se parte do tecido invisível do cotidiano. Há uma espécie de silêncio social consentido. O jovem parnaibano, muitas vezes em seu primeiro emprego, absorve a rotina exaustiva como se fosse uma etapa obrigatória da vida adulta, uma prova de resistência, não uma questão de direitos. Trabalha, cansa, volta para casa e recomeça. E entre uma jornada e outra, o debate se perde. Esse fenômeno não é mero acaso. É o resultado de uma combinação complexa entre dependência econômica, baixa organização coletiva e uma tradição cultural de resignação. Em cidades onde as oportunidades são escassas, a crítica ao modelo de trabalho tende a ser confu...